Calcanhar de maracujá: o que é, sintomas e causas

Calcanhar de maracujá: o que é, sintomas e causas

A miíase cavitária humana, mais conhecida como calcanhar de maracujá ou bicheira, acontece quando uma mosca-varejeira deposita ovos na pele, ou em outros tecidos e cavidades do corpo, como olho, boca ou nariz, que também pode afetar os animais domésticos.

A doença tem seu nome peculiar por conta de sua aparência quando afeta o calcanhar das pessoas, um dos lugares em que ela se manifesta com maior frequência, especialmente em regiões rurais onde as pessoas têm o costume de andar descalças. Mas, a larva da mosca-varejeira também pode entrar no corpo através da picada da mosca-varejeira na pele, depositando seus ovos, que depois se transformam em larvas.

As pessoas mais afetadas, geralmente, são idosas, ou que estão acamadas ou com alguma deficiência metal o que se explica não conseguirem afastar as moscas ou as larvas da pele.

Inicialmente, é percebido um buraquinho, que é por onde as larvas respiram, acredite, uma mosca pode depositar até 120 ovos em uma única ferida. Então, conforme vão se alimentando a ferida vai ficando maior, sendo possível ver as larvas se mexendo lá dentro. O aspecto é bem assustador e, por parecer com sementes de maracujá, a doença ficou conhecida como calcanhar de maracujá.

O problema está que, quando bem alimentadas, as larvas saem do corpo do hospedeiro para que possam passar para o próximo estágio de sua vida, o de pupa.

calcanhar-de-maracujaO que é pupa?

Mal comparando, a pupa é como se fosse a crisálida para a borboleta, o casulo onde a larva fica enquanto faz a metamorfose que irá transformá-la em um inseto adulto: a mosca.

Embora o Calcanhar de maracujá tenha cura, para que ela aconteça, é preciso seguir corretamente o tratamento proposto pelo médico e, claro, ficar longe das moscas-varejeiras. Um bom método para espantá-las é por meio da aromaterapia com óleo essencial de citronela ou de limão, por exemplo.

Tipos de miíase

Existem dois tipos principais de miíase, e eles se diferenciam, principalmente, pela quantidade de larvas.

Miíase primária

Menos severa, a miíase primária, também chamada de furunculóide ou cutânea, acontece quando uma larva entra em contato com a pele e consegue abrir caminho para entrar. Essa condição é o que se chama de berne.

Nesse caso, apenas uma larva está presente na cavidade, se alimentando da carne humana através da pele.

Miíase secundária

A miíase secundária, também chamada de miíase cavitária, é mais conhecida como bicheira, que se caracteriza pela presença de várias larvas se alimentando da carne do hospedeiro dentro de uma cavidade criada pela alimentação delas.

Esse tipo de miíase, mais severa, geralmente, acontece quando a mosca consegue depositar seus diversos ovos diretamente em uma ferida aberta, necrosada ou não, mas não se limita a isso. Quando uma larva consegue atravessar a pele, ela começa a criar sua cavidade e se alimentar lá dentro.

Após a entrada da larva, o local fica avermelhado e um pouco inchado, com um furinho no meio, por onde a larva respira e, por vezes, é possível sentir uma dor em pontada ou coceira no local, por exemplo.

Causas da miíase

causas-da-miaseA miíase, ou como conhecemos, o calcanhar de maracujá, é causado pela entrada da larva da mosca-varejeira no corpo e, por isso, existem formas de pegar esta doença:

  • Através de uma ferida ou corte na pele, em que a mosca-varejeira pousa e deposita seus ovos, que irão transformar-se em larvas;
  • Através de uma ferida ou corte, a larva da mosca entra e se desenvolve nesse local, como por exemplo, quando se anda descalço.

Ou seja, as causas do calcanhar de maracujá são as larvas de mosca, que se alojam na carne e se alimentam dela, e podem colocar os ovos na pele ou diretamente em feridas.

Miíase acidental ou pseudomiíase

É bem raro de acontecer, mas, nesse caso, os ovos de mosca foram ingeridos no alimento e eclodem no intestino. É considerado raro, uma vez que os ovos são digeridos no estômago da pessoa que os come, e nas pouquíssimas vezes em que algum ovo consegue sobreviver, a larva nasce no intestino, onde também dificilmente sobrevive. Porém, se consegue sobreviver, ela passa a se alimentar por lá.

Na verdade, esse tipo de miíase pode ser causada não só por moscas, por larvas de outros tipos de insetos, como a mosca-das-flores e o bicho da goiaba.

Nesse caso, a miíase exige cirurgia para a retirada da larva, já que ela pode causar sérios danos, como infecções e sangramentos internos com mais facilidade do que os outros tipos.

Que lugares do corpo são mais afetados?

Apesar do nome, o calcanhar está longe de ser a única, ou sequer a mais comum, parte afetada pela miíase.

Qualquer parte, na verdade, pode ser afetada, barriga,  panturrilha, atrás da orelha, até mesmo, dentro da orelha, do nariz, da boca, e nem mesmo os olhos escapam, apesar de raro.

Vale saber que apesar das larvas preferirem lugares úmidos, é muito mais fácil elas conseguirem se estabelecer em regiões do corpo sem uma higiene adequada. Dificilmente alguém vai ignorar a larva em seu rosto, na boca ou nos olhos, mas o calcanhar, ou atrás da orelha, pode ser esquecido.

Transmissão da Miíase ou calcanhar de maracujá

A miíase,  calcanhar de maracujá  ou bicheira, como é mais conhecida, apesar de extremamente nojenta, não é contagiosa, embora, elas possam mudar de um lugar para outro do corpo, criando novos pontos de infecção, e se uma larva for retirada de um hospedeiro e colocada em uma ferida de outra pessoa, ela irá se alimentar da nova vítima.

Por isso, é fundamental evitar o contato direto com as larvas e, caso ele aconteça, lave bem as mãos. Tocar uma larva não fará com que você desenvolva a doença, mas é sempre bom se prevenir contra qualquer tipo de infecção do que, depois, tentar remediar.

Fatores de risco

Embora ela se desenvolva mais facilmente em lugares do corpo com pouca higiene, não necessariamente, pegar bicheira signifique falta de higiene.

Vale saber, também, que as larvas são mastigadoras rápidas, acredite, elas são capazes de criar túneis profundos na carne em poucas horas.

Os principais fatores de risco são:

  • Falta de mobilidade : Geralmente, essa doença, em humanos, é mais comum quando a pessoa, por algum motivo, não pode se livrar das moscas. No caso de estar acamada, ou com alguma deficiência motora ou cognitiva que a impeça de espantar as moscas.
  • Feridas recentes: Feridas abertas são um verdadeiro convite para a mosca, e não precisa de muito tempo para depositar seus ovos, que eclodem rápido, portanto, não é tão difícil de uma infecção acontecer em um piscar de olhos.
  • Andar descalço e zonas rurais: As duas coisas, separadamente, já são fatores de risco em potencial, imagine juntas! O hábito de andar descalço, comum em zonas rurais, também pode contribuir com as larvas, pois se elas estiverem no chão, podem entrar através da pele humana. Além disso, há possibilidade de feridas nos pés, que facilitam ainda mais as coisas para elas.
  • Idade avançada: Pessoas idosas, com problemas de mobilidade, também tem mais riscos de contrair a doença. Doenças como demências também podem fazer com que a pessoa nem sinta a presença de mosca, ou perceba que a mosca está depositando os ovos ou que as larvas estão lá.

Animais com Miíase

Apesar da doença, como já vimos, aparecer em humanos, a bicheira ainda é mais comum em animais. Animais como cães e gatos, principalmente, no verão, estão mais vulneráveis às moscas, assim como vacas e cavalos. Assim como acontece com humanos, quando mais velhos ou doentes, ou até mesmo, em um lugar que tenha várias moscas, eles podem não conseguir manter os insetos afastados.

Isso sem falar que os animais não conseguem comunicar aos donos o que estão sentindo, portanto, cabe aos seus responsáveis verificar sua pele e higienização de qualquer ferida é importante.

Sintomas

O calcanhar de maracujá, ou bicheira, pode se mostrar bastante desagradável, mas leva dias para alcançar esse estágio. A doença é perceptível logo no início, assim que as larvas começam a se alimentar.

Os principais sintomas são:

  • Inchaço e cavidade de entrada: O local por onde a larva entra fica inchado, surgindo um pequeno buraco, por onde ela entrou, sendo o local, também, por onde ela respira, por isso, é possível vê-la despontar para fora de tempos em tempos, se escondendo dentro da cavidade caso haja perturbações.
  • Dor pontual e desconforto: É possível sentir pequenas fisgadas na carne enquanto a larva mordisca e cava por ela, quando o tecido está vivo, no entanto, claro, essa dor não existe quando a larva se alimenta de tecido já necrosado.

Diagnóstico do calcanhar de maracujá?

O diagnóstico não tem mistério, já que as larvas são claramente visíveis, mesmo quando apenas uma se encontra na cavidade. Elas podem ser vistas se movendo no buraco. Mesmo assim, para diagnosticar a miíase é comum o dermatologista fazer o seguinte:

  • Um histórico do paciente: O médico pergunta sobre os sintomas, o que o paciente está sentindo e suas impressões sobre a situação.
  • Um exame físico: Nesse exame o médico examinará a ferida por onde as larvas entraram e irá procurar por outros pontos de infecção que o paciente pode não ter visto, além de buscar sinais que possam indicar qualquer outro problema ou doença que esteja afetando a pessoa.

Calcanhar de maracujá tem cura?

Sim, mesmo em estágios mais avançados, felizmente, o calcanhar de maracujá tem cura. O tratamento, na maior parte das vezes, é simples e efetivo.

Tratamento da Miíase ou calcanhar de maracujá

O tratamento da miíase consiste na retirada das larvas do tecido com uma pinça. O médico irá removê-las inteiras, assim como o tecido necrosado. O processo é um tanto doloroso, e, apesar de não ser necessária, pode ser utilizada anestesia local. A ferida é, em seguida, lavada.

Em alguns casos, são receitados remédios de via oral,  para matar as larvas, facilitando sua retirada, além de larvicidas, vermífugos e antibióticos que podem ser receitados.

Vale saber que, em casos mais extremos, a cirurgia pode ser necessária para a retirada de todo o tecido necrosado e de todas as larvas.

E, claro, após a remoção, é fundamental evitar que outra mosca deposite mais ovos na ferida recém tratada.

É possível retirar as larvas em casa?

Sim, mas só em alguns casos, aqueles mais leves da doença. Uma técnica usada antigamente envolve colocar um pedaço de bacon na saída do buraquinho e esperar que o cheiro atraia a larva. Assim, ela pode ser retirada com facilidade.

Porém, vale saber que o ponto negativo desse tipo de tratamento caseiro é ser difícil ter certeza de que todas as larvas foram retiradas, e por isso, o tratamento médico é SEMPRE mais seguro e indicado.

Tratamento com larvas (terapia larval)

Parece meio nojento, e realmente é, mas em alguns casos, porém,  onde há necrose, por exemplo, as larvas podem ser usadas como tratamento. E isso acontece por terem preferência por carne necrosada, larvas podem ser colocadas dentro de feridas para que comam o tecido morto, evitando que a necrose se espalhe. Há registros médicos de que feridas infectadas expostas a larvas cicatrizam mais rapidamente. Esse tipo de tratamento, geralmente, é mais empregado em pacientes com diabetes, doença que dificulta a cicatrização de cortes, inclusive os pequenos, e facilita a necrose.

Porém, embora continue sendo meio esquisito, mas as larvas usadas, nesse caso, nascem em laboratório, para a garantia de nenhuma estar infectada com alguma bactéria perigosa. Portanto, claro, não é o tipo de tratamento que pode, ou deve, ser feito em casa.

Medicamentos para calcanhar de maracujá

Tanto no caso de humanos, como animais, os médicos costumam receitar alguns medicamentos para matar as larvas e facilitar sua remoção, são os seguintes:

Para humanos

  • Ivermectina

Para animais

  • Capstar
  • Mectimax

Mas, atenção! Em nenhuma hipótese se automedique ou interrompa o uso de um medicamento, sem antes consultar um médico. Somente um profissional habilitado poderá indicar o melhor tratamento para o seu caso, assim como o medicamento adequado, a dosagem correta e a duração do tratamento.

Prognóstico do calcanhar de maracujá

A bicheira, miíase ou calcanhar de maracujá, embora seja uma doença assustadora, ela é perfeitamente curável e tratável, e o paciente pode esperar resultados favoráveis do tratamento.

Embora, em casos mais graves, com cavidades mais profundas, a doença possa deixar cicatriz, raramente, se for devidamente tratada, deixará outras sequelas.

Complicações do calcanhar de maracujá

Embora seja uma doença curável, e com raríssimas exceções, até fácil de ser tratada, a miíase, se não tratada, pode ter consequências sérias.

As larvas não param de comer até que tenham se alimentado o bastante para alcançar o estágio de pupa, e comem o que tiver pela frente, parando apenas no osso.

Portanto, dependendo da quantidade de larvas e da localização da cavidade, elas podem danificar tendões, músculos e nervos. Se a cavidade for próxima aos olhos, elas podem até levar à cegueira, e nada as impede de alcançar o cérebro e outros órgãos caso encontrem caminho. Portanto, aos primeiros sintomas, procure logo um médico para iniciar o tratamento o mais rapidamente possível.

E não é só isso, a ferida aberta criada pelas larvas, junto de seus dejetos, podem causar infecções severas, sepse e necrose.

Portanto, a miíase é uma doença de fácil tratamento, porém, se não for devidamente tratada, pode levar à morte.

Como prevenir o calcanhar de maracujá

A prevenção do calcanhar de maracujá é simples, basta seguir essas dicas:

Afaste as moscas

Procure manter as moscas afastadas, isso, com certeza, vai garantir que nenhuma larva surja. Procure manter a casa higienizada e livre de lixo, afinal, carne, frutas podres e fezes de animais atraem moscas.

Invista em repelentes naturais como a citronela ou limão com cravo, eles podem ajudar a manter as moscas afastadas. Outra dica é apelar para mosquiteiros e repelentes, que também ajudam a evitar que as moscas se aproximem.

A melhor forma de evitar pegar uma doença como o calcanhar de maracujá é não andar descalço em locais pouco higiênicos, que possam ter moscas frequentemente, uma vez que podem existir ovos de larvas no chão.

No entanto, outros cuidados incluem:

  • Evitar ter feridas expostas, especialmente em locais tropicais ou com presença de moscas;
  • Usar repelente de insetos no corpo;
  • Utilizar repelente de moscas em casa;
  • Limpar, pelo menos, uma vez por semana o chão de casa.

Limpar feridas

Fique sempre atento às feridas, desde a higienização e sua proteção, isso é essencial, a fim de verificar qualquer anomalia nelas, tanto no caso de humanos como em animais de estimação.

Muito pior do que sua aparência repugnante, é o perigo por trás do calcanhar de maracujá, que se chegar aos estágios mais avançados, pode ser extremamente perigoso. Porém, é uma doença de fácil tratamento e prevenção.

Toda atenção é pouca com seus animais de estimação, já que eles não podem falar e costumam ser mais afetados do que os humanos, porém, um veterinário pode resolver, a dica, portanto, é procurar logo um médico se desconfiar de qualquer sintoma.