Traqueostomia – Como funciona o procedimento e para que serve?

Traqueostomia: Quando fazer, Como funciona o procedimento e para que serve?

Provavelmente, você já deve ter ouvido falar em traqueostomia ou traqueotomia, que nada mais é que uma pequena intervenção cirúrgica que consiste na abertura de um orifício na traqueia e na colocação de uma cânula para passagem de ar. Um procedimento que, aparentemente simples, mas que salva muitas vidas.

Nesse procedimento cirúrgico, é criado um orifício na frente do pescoço que dá acesso à traqueia, na altura entre o 2º e 3º anéis, para permitir uma ventilação mecânica prolongada, em situações onde a ventilação espontânea fica impossibilitada. Ou seja, traqueostomia é um “buraco na garganta para permitir a passagem de ar”.

Enquanto normalmente o ar passa pelas narinas ou pela boca, atravessa a laringe por entre as pregas vocais e segue pela traqueia até os brônquios e alvéolos pulmonares, quando é feita a traqueostomia, e o ar já entra diretamente na traqueia através de uma cânula colocada no orifício feito na traqueia, servindo como um atalho para o paciente que precisa da ajuda de aparelhos para respirar.

E mais, dependendo da sua causa, a traqueostomia tanto pode ser temporária como permanente.

Sendo assim, ficou claro que a traqueostomia é uma manobra utilizada quando pacientes tem a passagem do ar para os pulmões interrompida, por diferentes motivos.

É muito comum vermos esse processo ser realizado em filmes, geralmente, em situações de perigo com pessoas leigas no assunto realizando o procedimento, porém, isso só vale mesmo para a sétima arte, já que esse procedimento, embora até possa parecer simples, só pode ser realizado por profissionais treinados para tal.

Na verdade, a traqueostomia é uma intervenção de urgência, por isso, geralmente é feita em um hospital, local adequado e equipado com os instrumentos necessários para realiza-la e sem riscos de infecções.

Quando a traqueostomia precisa ser feita

traqueostomiaQuando um paciente está impossibilitado de respirar ou tem suas vias aéreas obstruídas, a traqueostomia acaba sendo um valioso recurso da medicina, principalmente, quando não existe a possibilidade de outros tratamentos, mais simples e menos invasivos.

A traqueostomia também ajuda na remoção de secreções brônquicas, na manutenção da ventilação mecânica por longo prazo, na aspiração de conteúdos orais ou gástricos e na substituição do tubo das intubações endotraqueais, que não pode ser mantido por longos períodos de tempo.

Se comparada à intubação endotraqueal, a traqueostomia tem algumas vantagens:

  • Mais confortável para o paciente.
  • Possibilidade de maior duração.
  • Mais proteção contra eventuais aspirações e engasgos.
  • Mais facilidade na hora de remover as secreções da árvore brônquica.
  • Manutenção segura da permeabilidade das vias aéreas.
  • Facilidade em retirar os aparelhos de respiração mecânica.

Vale saber que o tubo endotraqueal é mais utilizado quando o paciente só precisa dele por um curto período de tempo.

Geralmente, a traqueostomia é indicada para os seguintes quadros patológicos:

  • Situações de parada respiratória e/ou cardíaca.
  • Insuficiência respiratória grave.
  • Obstruções das vias aéreas altas.
  • Excesso de secreções na árvore brônquica profunda.

Também é importante saber que, geralmente, esse procedimento, geralmente, é praticado em pacientes de idade avançada, muito debilitados; ou em pessoas com doenças ou traumas neuromusculares; queimaduras; neoplasias; corpos estranhos; anomalias congênitas que afetem a respiração, etc.

E em muitos casos, como nos edemas de glote, a traqueostomia pode salvar vidas.

Como é feita a traqueostomia

Só médicos ou socorristas podem identificar as situações onde o procedimento é necessário, através de alguns sinais apresentados pelo paciente, tais como:

  • Tosse ininterrupta;
  • Falta de ar por parte do paciente;
  • Quando o paciente sente dificuldade em respirar, e emite um ruído seco;
  • O paciente não conseguirá ficar deitado;
  • A pele do paciente ficará pálida, ou num tom azulado;
  • Engasgos constantes por parte do paciente.

Ao identificar alguns desses sintomas, de uma forma emergencial, o médico indicará a necessidade da traqueostomia.

O procedimento acontece nas seguintes etapas:

  1. Primeiro, o paciente é levado ao centro cirúrgico.
  2. O paciente é anestesiado (anestesia geral), e passa por todo o processo de assepsia, fundamental para evitar possíveis contaminações, e infecções.
  3. O próximo passo é o médico tatear o pescoço para sentir os anéis cartilaginosos e saber onde será inserida a cânula (tubo flexível indicado para o procedimento).
  4. A pequena incisão, então, é realizada, e a cânula é inserida (parte na traqueia e outra metade fica para fora).
  5. Na parte externa da cânula um balão auxilia o ajuste da mesma, impedindo vazamento de fluídos. Então, após devidamente encaixada, a cânula é ligada aos equipamentos que ajudarão o paciente a respirar.

É preciso saber que, embora pareça simples, a traqueostomia é um procedimento ágil e preciso, que requer habilidades de médicos cirurgiões treinados para sua execução, sem colocar em risco a integridade do paciente.

No mais, vale saber que essa intervenção, embora evasiva, é indolor, o paciente sempre estará anestesiado.

A Recuperação da traqueostomia

processo-de-decanulaçãoAo normalizar a respiração, finalmente, é iniciado o processo de decanulação, sempre feita após o médico atestar que a atividade respiratória do paciente não precisa mais de ajuda, sendo, então, solicitada a retirada da cânula.

A recuperação do paciente submetido à traqueostomia dependerá, principalmente, do tempo que o mesmo recebeu o auxílio para respirar.

O processo de cicatrização varia muito entre os pacientes, geralmente,  variando entre 5 a 30 dias. A voz, aos poucos, voltará ao normal, se sabendo que ao ser intubado o paciente tem dificuldades para reproduzir a voz.

É fundamental que o procedimento tenha sido realizado por médicos treinados para isso, do contrário, provavelmente, o paciente poderá ter sequelas. Vale saber que a forma errada de entubar pode causar problemas na voz, e fazer com que a cicatrização demore muito mais tempo.

Embora a traqueostomia sempre traga muita dificuldade para falar, já que o ar expelido não passa pelas cordas vocais, no entanto, assim que o procedimento é desfeito, a fala é recuperada.

Vale saber que no caso de alguma obstrução da via aérea acima da traqueia como, por exemplo, tumores da laringe, a traqueostomia pode perdurar até que se resolva a obstrução, ou mesmo, ela pode vir a ser definitiva.

Possíveis complicações da traqueostomia

Por ser um procedimento invasivo, a traqueostomia pode, sim, trazer algumas complicações, as mais comuns são as seguintes:

  • Agravos provenientes de técnicas incorretas;
  • Dificuldade de extubação;
  • Edema traqueal,
  • Enfisema subcutâneo,
  • Estenose traqueal e subglótica,
  • Fístulas,
  • Hemorragias,
  • Hipóxia,
  • Mau posicionamento da cânula,
  • Obstrução da cânula,
  • Sangramento e infecção no corte.

Onde realizar a traqueostomia

Por ser uma intervenção de urgência, a traqueostomia deve ser só realizada em pacientes que correm risco iminente de morrer por falta de ar, e, claro, o ideal é que o procedimento seja realizado em hospitais, devidamente preparados para qualquer emergência.

Preço da traqueostomia

Certamente, pacientes que chegam precisando do procedimento no Sistema Único de Saúde (SUS), serão atendidos de forma gratuita. Desde a internação até o procedimento.

Porém, na rede particular, cada hospital ou plano de saúde aplicam valores específicos para realização da traqueostomia, e pacientes que tenham plano de saúde, devem verificar com as operadoras se o procedimento é cobrado total, ou apenas uma porcentagem do valor.

Mas, de forma geral, os preços médios de uma traqueostomia simples até uma mais complexa, como a mediastinal, variam entre R$ 140,00 até R$ 720,00.

O fundamental é que a traqueostomia seja realizada por profissionais capacitados, e de forma segura, já que o objetivo do procedimento é salvar a vida de uma pessoa.